Na minha experiência, o Compassionate Inquiry (CI) vai além de ser apenas um método ou processo psicoterapêutico. É uma forma de vida que nos encoraja a observar e questionar nossos padrões, explorar as origens de nossos comportamentos e nos fornece ferramentas para trazer esses padrões para a consciência. Por meio do CI, temos a oportunidade de nos vermos genuinamente e obter uma compreensão mais profunda do nosso eu autêntico (Self). Podemos reconhecer as narrativas que criamos em nossas mentes, entender como essas narrativas impactam nosso presente e nosso relacionamento com o mundo. O CI nos permite acessar conteúdos inconscientes o inconsciente e trazê-los para a consciência, nos dando a oportunidade e, porque não dizer, a chance para viver uma vida mais leve, compassiva e profundamente consciente de nós mesmos.
Minha experiência com o CI começou quando Sat Dharam nos convidou para participar do treinamento para lançamento do CI em 2018. Aceitei imediatamente seu convite, não apenas porque admiro todos os seus projetos, mas também porque testemunhei pessoalmente sua dedicação incansável em criar um mundo onde as pessoas possam viver conscientemente. Aceitar essa oportunidade foi uma decisão fácil para mim. Quando reflito sobre isso, é verdadeiramente notável que um grupo de indivíduos, inspirados pela visão de Sat Dharam e guiados pela genialidade de Gabor Maté, tenha sido capaz de desenvolver um modelo psicoterapêutico inovador e revolucionário. Além disso, é verdadeiramente extraordinário que alguns de nós tenhamos tido a sorte de fazer parte do grupo inicial a receber treinamento para nos tornarmos praticantes certificados de CI, ao mesmo tempo em que preparávamos um outro grupo para assumir o papel de facilitadores.
A preparação para a certificação foi extremamente gratificante. Dedicamos um ano para nos prepararmos para isso. Lembro-me das semanas de trabalho em duplas e trios, das reuniões quinzenais e das inúmeras horas gastas assistindo a vídeos no YouTube e participando de workshops liderados por Gabor em Vancouver, Toronto e Edmonton, tudo isso em um esforço para compreender sua abordagem. O processo de certificação, realizado em abril de 2019, foi emocionante e desafiador, especialmente porque Gabor nos avaliaria, e forneceria a aprovação final para o início do treinamento oficial.
Em resumo, alguns de nós assumiram os papéis de facilitadores, líderes de círculo, mentores e certificadores. No entanto, dentro deste grupo, um número de indivíduos acreditava fortemente na importância da inclusão, e iniciamos um movimento para garantir que o CI esteja disponível para todos, especialmente em países onde o inglês não é a língua principal. O objetivo é promover a inclusão, a justiça e a diversidade. Por ser de origem latina e por me identificar como pessoa de cor, fazer parte do projeto de inclusão é muito importante para mim.
Mas o sonho da inclusão só começou a tomar forma com o apoio da comunidade brasileira. Foi durante nossas reuniões quinzenais, que começaram em 2022 com a criação do grupo CI Português, que a ideia de traduzir o programa CI para o português se tornou um projeto tangível. Essas reuniões nos permitiram consolidar um grupo dinâmico, composto por psicóloga(o)s, psicoterapeutas, professores, coachs e médica(o)s. Com apenas 18 meses de estrada, o grupo tem o prazer de anunciar que, graças ao incrível apoio de Sat Dharam e sua equipe (incluindo pessoas de marketing, tradução e DEI – vocês sabem quem são), a comunidade de língua portuguesa em todo o mundo poderá estudar CI em sua língua materna a partir de junho de 2024.
Agradecimentos especiais a Ana Lucia, Barbara, Gislene, Isadora, Juliana, Marta, Natatcha, Raquel, Renata e Tatiane, que têm se preparado para servir a comunidade brasileira e de língua portuguesa como CI estagiárias, voluntárias e praticantes. A sua dedicação e coragem são admiráveis. Tenho certeza que estamos vivendo apenas o começo de um sonho. Finalmente, um especial agradecimento para Dra. Natatcha Romao pela dedicação na edição das traduções dos documentos em português.
Quando deixei o Brasil há vinte anos, nunca esperava ter a oportunidade de me reconectar com meu país de origem por meio de um método psicoterapêutico somático. Se alguém me dissesse que eu estaria envolvida nesse empreendimento extraordinário e gratificante o qual ajudaria a comunidade brasileira e portuguesa a enxergar a verdade, eu teria pensado que era uma piada ou uma missão impossível. Sou grata por encontrar pessoas visionárias que acreditaram e apoiaram essa aspiração, impulsionadas pela crença de que a inclusão tem o poder de curar traumas.